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terça-feira, 11 de agosto de 2015

10 minutos - parte 2(1)

As cortinas dançavam...









- Não feche seus olhos. Não se atreva a ir antes da hora. Olhe para mim. Responda. O que há naquela memória? o que realmente há de errado ali?

Os dedos jovens de Walter tateavam a bolsa por fim de encontrar uma carta ocultada por uma blusa que empacotava-a. Logo incendiou-a com um isqueiro que dizia em baixo relevo, rotulado por uma agulha de tatuagem, "Queime e viva". Ler aquela carta sempre o fazia entrar sob prantos. Não precisara olhar dentro para saber o conteúdo, pois palavra por palavra estava decorada em sua mente.

2, fev.


Deixo essa carta como meu testamento para você. Viramos verdadeiros amigos. Namoramos. Mas eu te deixei. Não podia deixa-lo sofrer ainda mais por mim. Não era você quem eu amava. Não era você à quem eu devia todo o meu amor, e a razão é...
Eu não o via como algo além de amizade, além de tudo que ficamos eu não consegui gostar o suficiente para desenvolver em minha cabeça um relacionamento, tudo fora superficial. Eu sabia que você iria até o fim do mundo para me ter, e por isso eu tive de partir.
Por mais que tentasse, eu também sabia que você jamais entenderia.
Enquanto estávamos em nossas noites vorazes, eu não deixava você perceber, mas minha mente estara em outro lugar, quilômetros à distância... Não era você quem eu via, era ele...

Se já leu isso, certamente eu já parti. Mas se não. Não me procure.
Por favor não me procure. Viva sua vida. Eu tentarei viver o resto da minha também.

- Sem assinatura - não precisara - era daquele modo que ela escrevia - Ele sabe - Ele sente - e ela vive.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

10 minutos - parte 2

E o mar agride violentamente a parte inferior do barco, fazendo-o balançar. As ondas se formam e fraquejam contra a madeira. O mar falava de forma espontânea, "Nós queremos você!"... "E você nos deve isso!"



- 7 minutos -






- Walter? Walter? Gostaria de se juntar aos marujos? - Logan Nay era seu nome, tão velho quanto comerciais de Coca-coca interpretados por Marilyn Monroe, beijando a garrafa com ternura para marujos novos como ele pudessem encher o bolso de seus empresários.
- Não, estou bem aqui. Obrigado. - Walter responde enquanto fita seus olhos no horizonte escuro. Nos seus dedos estão uma imagem de uma garotinha com rabo de cavalo nos cabelos cacheados, um tanto quanto esvoaçados. Pintinhas espalhadas pelo seu rosto. Fora nesta idade que se conheceram em uma fazenda de propriedade familiar à ela. Uma pergunta lhe ocorre pela cabeça, "Será que lá de cima, ela se lembra de mim?"
O vento soprava tão forte que parecia dizer "Sim", com uma ênfase no final que esticara até produzir calafrios em sua espinha, que subiam até o pescoço.

Sombras rolavam pela noite dentro daquele barco.

Iluminados à bombordo estavam os "Marujos Coca-cola"(já deve ter entendido o porquê desse nome, não é?), que gritavam e berravam jogando baralho e bebendo rum. Eles não pareciam se importar com o remexer do barco.
À estibordo haviam alguns recém chegados assim como Walter, jogando água que se acumulava na beira do barco e abaixo dos corrimões de alumínio, pelo qual já se encontrara totalmente inoxidável, um corte ali e certamente teria de amputar o braço(ou ele ficaria muito mal pelo tétano).
Alguns já se preparavam para atracar em Hettersonburg, mas para Walter a viagem acabara de começar.

No mar, além do oceano, ele ouvira...
"Walter? Walter? você está aí? Querido... Venha para mim, venha para mim..."
A aurora boreal sepultava aquela voz para um final não tão grandioso, mas um final de saudades.
Ele arremessara a foto dobrada em forma de avião.
"Voe minha amada... Salve-se, pois este mundo não é apropriado para você. E quando ele melhorar. Quando os pecados de fato não existirem e alguém estiver me perdoado pelos meus, você poderá voltar e eu estarei esperando-a."







Ele olhara pela janela do hospital enquanto o som simultâneo das máquinas de um paciente vizinho à seu quarto prosseguia e continuava. Apenas o som das enfermeiras machucando o solo liso daquele lugar parecia fazer algum sentido.

"Você não quer se lembrar disso, porquê? Ela lhe visitara durante seus sonhos? Me diga Walter, porquê se recusa a lembrar disso? talvez ela..." 
 






Continua...





 

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