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sábado, 28 de fevereiro de 2015

A casa do Barco

"Quando os olhos se esbugalham, e as batidas do coração são ouvidas, é a hora que você tem certeza de que, não há nada entre você e o medo".





Era uma época sombria de 95, o vento brisava de uma maneira estranha, e o nevoeiro tomava conta de Lane City.
-Olá aqui quem fala é Carl River da Lotus TV, e a previsão é de muita neve na estrada e em toda a cidade, e se não quiser acabar perdido no nevoeiro é melhor ter um farol, quando andar pelas estradas "27", "41" e "12", pois é muito fácil se perder com o tempo desse jeito. É recomendável ficar em casa, e permanecer até o término dessa nevoa. Para mais Informações, Danny Perker da previsão da Lotus Time.
- O tempo é de extrema alerta, saídas de casa pela noite apresenta muito risco, pois com o nevoeiro pesado só é possível enxergar 1,30m de distância, e diferente do que nosso amigo River disse, um bom farol não vai ser tão útil. A temperatura varia de -4 a 6 grais, e há uma chance que durante a madrugada a temperatura caia mais dez grais. O temporal é previsto para durar 2 dias, e pela manhã terá sol mas a temperatura permanecerá em torno de 7 grais. Aqui é Danny Perker com mais um Lotus Time, é com você Carl River.

A TV  é desligada antes que Carl diga mais alguma palavra. Em um tom de ignorância Tom Chawer diz:
-Isso é obra do governo, querendo acabar com nossas caças noturnas, aposto como é mentira tudo que esses apresentadores de merda cagam na TV. E digo mais, eles concordam com essa droga porque não são eles que são prejudicados ou que têm de suar a camisa para pôr comida na mesa. Não acha Freedie?
-Eu só digo uma coisa, hoje aqueles malditos lobos que fizeram aquela bagunça na casa do barco, vão me pagar.

Freedie Joe é mais velho que Tom e são irmãos. Desde sempre viveram a vida caçando animais pela neve, Joe já foi do clube de tiro, e Chawer aprendeu a atirar com seu irmão. A vida era tranquila na cidade, e apesar de uma vez ou outra haver temporais, os dois jamais deixaram de caçar durante a noite.
Lane city é uma cidade vasta, e muito fácil de perder alguém que não conheça a cidade e se atreva a desbrava-la pela noite. As estradas são todas iguais, a única diferença não notada quando se está escuro, são as placas que mostram para onde o caminho termina. A iluminação não existe na estrada 41, quando anoitece realmente parece que não há caminho algum por lá.

Já passava das 11, e Joe e Chawer se apressavam para arrumar a mochila e o equipamento de caça.
Chawer não gostava de noticiários, pois achava que eles eram controlados diretamente pelo governo, e achava que o governo oprimia pessoas que não têm uma boa renda familiar, que mora afastado do centro da cidade, ou que não tem certo nível de estudo.

-Joe, sabe onde está o meu rifle?
-Está na casa do barco, deixa que eu vou buscar e aproveito e pego as munições.
-Ah, ok.
Freedie Joe abre a porta, e o vento balança seus cabelos ruivos, grãos minúsculos de neve entram junto a brisa.
Enquanto perto da lareira, Chawer troca suas botas, embala alguns suprimentos para a viagem, e se pergunta sobre a nevoa que toma conta da cidade e as notícias que passaram na TV.
-Argh isso é só frescura minha, aqueles babacas acham que são deuses, e acham que mandam em tudo!
Por um lado, ele realmente estava certo de que eles não sabiam de nada, mas por outro... Bem, ele se preocupava muito com seu irmão, que anos antes, torceu a perna e teve de brigar com lobos famintos perto do lago, e ele estava em casa, foi o único dia em que seu irmão disse que iria caçar sozinho.

Um ranger na porta acompanhado de um assobio no vento...
-Joe é você?
Além do som do fogo da velha lareira queimando a madeira, o silêncio toma conta, até o vento pára de assobiar.
Chawer se levanta e anda em direção a porta com uma pistola 9mm na mão, dá uma bela olhada de longe, e depois põe a cabeça para fora da casa, a neblina é tão forte que ele não enxerga nada.
Antes de fechar a porta um eco de um grito chamando seu nome é escutado à distância.
-Tom! Tom!Me ajude rápido.
Chawer olha pela janela e no meio da neblina uma sombra vai ficando cada vez maior. Em um impulso Joe se arremessa na porta e a abre com muita força, e caído no chão já dentro da casa, ele diz com uma voz trêmula e um olhar apavorado.
-Aque-que-quela coisa na-na cas-a do bar-co barco.
Chawer empurra a porta de volta para fecha-la e olha pela janela novamente, com um olhar atento achando que seu irmão poderia estar sendo seguido por algo.
-Joe o que você viu? o que há na casa do barco?
-Era grande, era dife-ren-te não era humano...
-O que não era humano, não me faça explodir sua cabeça aqui e agora.
Ele recupera fôlego e diz:
-Parecia um lobo, mas não era, não daquele tamanho, e tinha mais alguém, eu não consegui ver quem era.. 

CONTINUA...




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