• |
  • |
  • |

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vozes Pela Madrugada

O que se escuta quando está acordado durante as 3 da manhã?



Bem, muitos podem dizer que não há nada, e que ficam acordado nesse horário sempre, outros dizem que já ouviram muito, mas que preferem não comentar sobre.
Mas durante esse meio tempo, você que mora em condomínio, já escutou o som do balançador velho 
do parquinho, já escutou ele fazendo eco durante o silêncio da noite?
Ou você que mora em uma casa isolada, já escutou alguém bater na porta de sua casa,bem devagarinho?
Até mesmo aqueles que moram numa vizinhança, quando o vento bate nas folhas das árvores, ou quando uma latinha é revirada pelo mesmo vento, você escuta vozes, alguém rindo baixinho ou até mesmo cochichando tão baixo, que o som que chega a você é murmúrio, você já?

Bem, há muito a conversar a esse respeito...

Ao longo da madrugada contam que é a hora que espíritos tomam mais força na terra, mas o que tenho a contar é algo mais que essa simples especulação. é algo mais, algo que realmente aconteceu, algo que não há como negar.

Tudo aconteceu durante umas de minhas "viradas de noite", no período que eu retornava para casa.
Era escuro na rua e o vento soprava de forma que não era apenas uma brisa, mas também um assobio emitido pelo mesmo. Nesse tempo, eu avisto um grupo de jovens, que aparentavam a minha idade(nesse tempo eu tinha em torno de 15 anos), estavam vestidos todos com roupas brancas e bem escuras. Eu passo por eles e uma garota muito linda, uma loira de olhos azuis, eu vi. E numa rápida cena de troca de olhadas enquanto caminho, eu vejo ela fazer um movimento contínuo com a mão me chamando, por sua beleza que logo avistei, eu viro as costas ao rumo que tomava para casa e ando até ela. Me aproximo calmamente, e lhe pergunto seu nome, era a voz mais doce que ouvi.
-Me chamo Roberta.
-O que faz por aqui em uma hora dessas?
-Espero meus pais virem me buscar, eles estão voltando de uma festa, e vão passar aqui.
-É perigoso andar por aqui, principalmente a essa hora, e por quê não está em casa, a propósito onde você mora?
-Eu moro no final da rua, e eu tinha saído com aqueles meus amigos, Daniel, Max e Antônio.
Eles não expressaram reação ao me ver, ou mudança nos seus diálogos, parecia que eu era invisível aos olhos deles, prosseguiam a conversa e gestos, porém eu não ouvi o que conversavam, mas ignorei isso também.
Eu fiquei tão cego enquanto falava com ela, que até esqueci que ela estava acompanhada.E ela não perguntou o meu nome e eu preferi não dizer.
Seus amigos estavam sentados em duas lápides memoriais, daqueles que colocam na rua para que os entes queridos fossem lembrados, geralmente eram postos ali por algum crime como estupro, assassinato, pedofilia, até mesmo os 3 juntos, afinal em cima de qualquer uma desses crimes, o final é sempre o mesmo. Ela disse que sempre estava por aí nesse mesmo horário, e iniciamos outro diálogo enquanto o tempo passava.
-O que fazia por aqui enquanto eu não aparecia?
-Observava as árvores, o movimento leve que as folhas fazem diante da brisa.
A cada palavra que ela dava eu ficava mais encantado com sua voz e beleza.
Sinceramente não fazia ideia de que isso tudo iria acabar, e o que aparentava ser um imenso campo verde, seria um enorme buraco pelo qual eu já estava com os pés dentro e não sabia...

Enquanto conversava senti um pingo no meu ombro, e olhei para cima e percebi que durante o tempo que fiquei por ali, o tempo havia se fechado e em questão de minutos iria começar a chover, pelo menos era o que eu sentia.Logo me despedi e disse que voltaria para casa, pois minha mãe nesse tempo já devia está dormindo, e não sabia que eu havia passado totalmente da hora de estar em casa.
Por um lado eu não me importava, um adolescente naquela época não seguia ordens assim(eu falo diretamente de mim), mas por outro eu não queria me molhar.
-Bem já está na hora de eu ir, está tarde e logo começará uma chuva.
-Tudo bem, também está na hora de eu voltar.
-Mas você não vai esperar sua mãe?
-Sim, mas parece que ela não vêm, e tenho que estar em casa antes do sino tocar.
-Mas que sino, e se ela não vier você vai voltar nessa rua escura, é perigoso a uma hora dessas!
Uma ultima palavra dela veio a mim em um bafo quente e em um tão grosso, que toda a doçura que vi e ouvi, parecia ter sumido no ar, o mesmo que chegava a mim, em um eco seco e sombrio...
-SIM, O SINO, ADEUS!
Logo me assustei e corri e fiz uma coisa que não deveria ter feito, eu olhei, olhei para trás e vi...O que? Bem eu vi corpos no chão ao lado de uma lápide memorial, e vi um de uma garota no chão, e ao mesmo tempo algo negro correndo atrás de mim, em uma velocidade diferente, eu tinha que apressar o passo e correr como eu corria numa maratona do colégio.
A cada esquina eu sentia algo se aproximar, a cada curva parecia inevitável continuar, mas a cada pisada forte eu pensava que conseguiria de alguma forma chegar em casa ,mais rápido que aquela coisa conseguisse me alcançar. Eu escutava coisas do tipo, "junte-se a mim","ele te espera aqui",
vindo de um eco nas minhas costas. Logo cheguei a uma igreja, a única que havia na minha rua, que separavam 3 quadras até em casa, e brevemente meu fôlego retornava de modo mais forte, como se eu estivesse descansado em alguns minutos, fiquei mais elétrico que não olhava mais para os lados, e não olhava mais para trás, apenas corria e corria para alcançar meu objetivo.
Naquele horário não havia ninguém na rua, nem carros passando por lá, e muito menos na igreja.
Foi aí que ouvi uma batida que se assemelhou a de um trovão grosso, que te pega desprevenido quando se está chovendo, e te faz gelar a espinha com o susto. Porém esse em vez de ser grosso, era suave mas que no estado que eu estava realmente me fez correr ainda mais rápido, era o badalar dos sinos, que parecia que alguém em algum lugar tinha dado um fim para aquilo que me perseguia, que realmente tinha chegado ao fim, a minha correria cessou e eu havia chegado em casa.
Tirei minha roupa e tomei um banho, deitei na cama, porém não dormi. Aquilo ficou passando na minha cabeça.Como eu vi alguém que não estava lá, o que diabos era realmente aquilo?
No dia seguinte eu, como um jovem curioso fui até o final da rua onde ela disse que morava. Era cedo de manhã perto das 8, o Sol ainda não estava tão quente, e na noite anterior tinha chovido, então o tempo estava frio e as nuvens cobriam o Sol. 
Chegando onde ela havia dito e da forma que ela disse, só havia uma casa no final da rua, era uma casa cinzenta, envelhecida e estranha, ficava em frente a onde a rua terminava, e não havia mais nada a não ser os números 4,5 e 2 que fazia referência a residência.
Do lado de fora, uma cadeira de balanço, um jarro com galhos quebrados e teias de aranhas ao redor,
um telhado preto coberto por uma espécie de musgos.
Logo que terminei de olhar a casa por fora, para me certificar de que não havia nenhum movimento,
bati palmas e esperei. Talvez se pulasse alguém dali ou aparece bruscamente era capaz de eu correr feito um louco que nem no dia anterior, logo saiu um senhor barbado de um metro e cinquenta e uma cara enrugada, tinha o chapéu em forma de cone, como daqueles que Dumbledore deu ao Harry Potter porém em tom cinza velho. Eu já não sabia porque, mas não pude deixar aquilo me incomodar e perguntei sobre Roberta,Daniel,Max e Antônio, depois que acabei de citar os nomes eu vi a expressão enrugada mudar, se tornar um rosto de olhos grandes e com bastante espanto, e não demorou muito para ele me dizer o que já era claro mas de forma detalhada.
-Por qual motivo você pergunta isso?
-Eu a vi ontem e de acordo com ela, aqui é sua residência.
-Não há como garoto, volte para sua casa imediatamente, ou melhor, VÁ A IGREJA.
-Mas o que se passa? por qual razão eu iria a igreja?
A história começaria a ficar interessante agora, com o surgimento de elementos que eu particularmente desconhecia, e em alguns minutos de conversa com a garota eu não pude perguntar.
-Ela morreu faz 4 anos, e é por isso que você não pode ter a visto ontem, e se viu, vá se benzer por favor, para afasta-lo de qualquer coisa ruim que o persegue, ou que acontecera.
-O senhor era parente?
-Eu? eu era... Era o... Bem você sabe drogas... Eu era o pai.
-Sei que parece incômodo, mas poderia me dizer de que ela morreu?
Palavras secas e roucas saíram de maneira grossa e falha ao mesmo tempo.
-Vá embora, saia da minha casa, e não volte aqui nunca mais.
-Eu queria muito saber, por favor.
Com o olhar cheio de lágrimas, ele começou...
-Era noite de 98, terça feira (justo no dia que falei com ela), no mês de julho e o aniversário dela iria ser a uma semana, eu e sua mãe estávamos em casa, e ela havia ido ao cinema, eu fiquei de busca-lá 2 horas da manhã, que era o horário do corujão do cinema, e eu não era maluco de deixa-lá ir, porém havia muitos jovens lá a essa hora, indo assistir esse filme, depois que eu a buscasse eu iria trabalhar na metalúrgica no outro lado da cidade. Porém sua mãe aproveitou o clima e abriu uma garrafa de vinho, maldito vinho! Começamos a beber e perder a cabeça, e daí eu acabei dormindo e perdendo a hora. Foi tudo culpa minha, se eu não tivesse aceitado, se... eu... não tivesse dormido...
Neste momento o velho homem já está mordendo os lábios roxos envelhecidos, e seus olhos o tomam de lágrimas.
-Por favor, prossiga...
-Eu dormi, e quando acordei, e percebi o que tinha feito era tarde... Peguei minha pick up, e dirigi feito um maluco de pijama por toda a cidade, e dirigi rua acima, e minha bebê, o meu pequeno bebê lindo... Eu estraguei tudo, é tudo culpa minha, a policia disse que... 3 jovens, os mesmos que você disse haviam estuprado minha pequena Roberta, a minha garotinha, eles fizeram isso depois a mataram enforcada com um pano do seu vestido. Ela estava vindo para casa a pé, e se eu não tivesse feito isso, Oh Deus! um deles tinham uma arma, e deu um tiro nos outros dois, que morreram na hora, depois ele deu um tiro na minha garotinha e POR QUE??? ela já estava morta, eles fizeram isso com ela, e depois aquele, aquele... DESGRAÇADO, se matou com um tiro na própria boca. Eles tinham a mesma idade que ela. Meu bebê era lindo... E iria se tornar uma bela moça.
Já não há como segurar a emoção e o choro e perguntas sem respostas começam a se expressar espontaneamente. Não havia motivos para torturar aquele homem com mais perguntas.
Eu me despedi, e sai daquele recinto e fui embora. Eu jamais voltei para lá, e já me mudei várias vezes. Essa foi minha experiência...
A lápide da garota ainda estava lá, justamente onde eu vi os 3 rapazes sentados, alguns amigos me afirmaram que ainda ouvem gritos, sussurros próximos a suas casas, e que constantemente vêem pessoas brincando vestidas de branca na mesma rua, bem longe como se fossem uma miragem.
e é justamente na mesma rua... Na mesma maldita velha rua...

Boatos que isso acontece em toda parte do mundo, justamente as 3 da manhã, ninguém explicou ainda como ou por que isso acontece, mas que se manifesta de formas diferentes ao redor da Terra.
Se durante esse tempo vocês escutarem algo, por favor se não lhes interessarem, não vão procurar saber o que é, é um conselho de amigo, é o que posso dizer.











1 comentários:

Postar um comentário

 

Rust Hill Copyright © 2010 | Designed by: compartidisimo