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terça-feira, 19 de maio de 2015

A casa do barco: Outra Face

A tempestade enevoa até a caixa de correio poucos metros depois da placa "Residência Foster", de uma forma ou outra parece que ela jamais esteve... lá.




O rádio mostrando-se cheio de vida parecia ser a única coisa interativa naquela casa silenciosa, apenas cochichos são ouvidos como se fossem almas penadas por ali.
- Olá, eu sou Carl River com mais um Lotus News. Vamos começar o programa com notícias tristes sobre o nevoeiro, doze crianças do norte de Lane City desapareceram. Mais duas pessoas, agora adultos do centro da cidade também sumiram, e por fim, um grupo de sete pessoas migratórias que vivam na floresta...
O corpo machucado agora fora da maca e em cima da cama, levanta-se lentamente e tosse algo tão seco quanto as palavras sobre os desaparecidos no nevoeiro. As garotas estavam sentadas próximo ao rádio tentando mudar a frequência bem no momento do que Carl iria dizer o nome da floresta.
Chawer franze os os olhos para a direção das meninas sentadas alguns metros depois da lareira.
- Tem algo que eu preciso saber sobre isso? um grupo de sete estranhos para mim, nesse nevoeiro, sentados aqui em casa, eu perguntarei novamente, tem algo que eu precise saber?
Os olhos machucados já atravessando a cozinha, saindo do quarto nos fundos dela. Com um dos braços no estômago para apaziguar um pouco a dor e o outro se apoiando nas paredes e portas que encontrava no caminho até a sala. A pergunta continuou sem resposta...

Oito horas.

"eu me lembro... aqueles olhos... eu devo contar o que vi? eles ficariam preocupados demais."

De um jeito estranho ele começara a falar, mas ainda sim ocultando os fatos que deveriam deixar todos com aspectos nervosos - estava de noite e o nevoeiro não era um problema naquela floresta diferente de outras regiões da cidade - Os lampiões estavam piscando contrário o vento parecia que alguém assoprava e alguém reacendia, era um ciclo que chamou minha atenção. Não temos rádio na floresta preferimos abandonar as máquinas feitas pelo homem ou qualquer coisa que não esteja presente na natureza. Havia uma fogueira no centro e se concentravam lá a maior parte das pessoas; era uma pena pensar que alguns nem chegaram a acordar no calor do momento, eram gritos e mais gritos e ninguém conseguiu ouvir, mortos antes de isso acontecer; Os arbustos estavam nos rodeando mesmo o nevoeiro cobrindo era uma certeza de que ele sempre estivera por lá; As folhas se mexiam violentamente pareciam vivas andando em direção a todos nós. Estávamos cercado, uma certeza que dilacerava meu estômago e o congelava mostrando que o que raios estivesse ali perto, iria atacar em breve. O primeiro grito tão agudo quanto a ponta de uma agulha foi ouvido do leste ou oeste, norte ou sul. Como raios eu poderia saber? o nevoeiro era tanto que não havia como dizer onde se encontrava a minha barraca que eu tinha certeza que estava colada ao meu calcanhar, e que desaparecera. Eu ouvi algo como papel rasgando insolentemente e uma mangueira estourar jogando água em todos. Era algo como a chuva. Mas não era água. Era uma chuva de sangue. Sangue podre que cheirava mal e pesava. Pernas e braços foram jogados como uma bola de beisebol batida do taco, eu reconheci um deles por estar com uma pulseira que dizia "I love Maine", era Susan Roff. Uma garota de doze anos que andava de uma maneira estranha mas era uma garota legal... Naquele momento eu soube que era um erro estar lá, por algum motivo eu não escutei a si próprio e busquei quem eu conseguia - seus pés e mãos começam a tremer, uma tosse, duas tosses, já estava se tornando algo viral - Eu andei para frente apontando um lampião improvisado que fiz para o meu norte afim de abrir algum caminho. Eu encontrei alguém... de joelhos e uma bíblia ao lado, achei que estava rezando, mas aqueles olhos se viraram para mim... Azuis como o oceano pacífico. Jenny. A minha Jenny. Olhos esbugalhados se enchendo ao redor da íris de um tom vermelho como o sangue que estava caindo pela sua boca. Eu corri. Eu sei que poderia estar errado, era a minha garota, mulher que amo mas, o que eu poderia fazer? fui acertado na cabeça... minha memória falha aqui, só me recordo de alguém me carregando para perto do fogo - suas mãos tateiam alguma outra perto para compensar a visão escurecida.
Madênia e Maggie apressam alguns passos em sua direção para socorrer-lo.
No outro lado da sala Chawer encara Lecter friamente e a resposta é um giro de costas para "observar" o quadro de um rebanho de alces correndo pela floresta.

Freedie Joe observa todos de um outro canto da sala próximo ao rádio. Liz, Maggie e Lecter...; seus olhos esgazeiam as sombras desnorteadas sumindo em meio a floresta.
Sua língua trava ao ver que o rifle da parede desapareceu - Alguém viu Rob e Ronnie? - os olhos inocentes e duvidosos de todos se entreolham para declarar que eles definitivamente sumiram em um passe de mágica e os espectadores não perceberam o truque.
- Como pode? Nós não o vimos sair? - interroga Chawer
- Procurem suas armas... o rifle da parede sumiu, verifiquem para ver se não foi somente isso! - diz Joe.
Tommy cobre os olhos com uma das mãos. As cinco almas procuram repentinamente algum resultado dentro de gavetas, estantes e baús. Todas as armas sumiram...
Agora Tom esvazia seu glóbulo ocular exclusivamente em Lecter.
- Não me culpe, eu não sei o que houve. - diz Lecter Humpt
- Foi eu que entrei com eles? - ironiza Chawer

A madeira arde em poucas centelhas esperançosas que cruzam a sala formando uma mulher que aponta para a saída.
Uma visão se abre...
As palavras doloridas e fechadas se curam e se abrem para uma única palavra. É a única coisa que Tommy pode dizer:
- Jenny?

as palavras vão ficando distantes e mais distantes além da porta entreaberta. Duas pessoas estão lá fora sentadas observando e rindo malevolamente. Rostos sombrios que conseguiram uma vantagem. Acima deles, alguém se abaixa pronto para agora completar sua refeição... Gritos secos são ouvidos de dentro da casa fazendo a moça sumir, deixando apenas rostos confusos e almas machucadas.
Um último pensamento para eles é enviado de olhos agora inteiramente cegos.


" Robin Smith, Ronnie Jim. Me perdoem por não contar. Agora eu também estou pagando por isso, que suas almas descansem em paz acima de meus erros e pecados envenenados..."



Uma voz ri alto. Não é humano. Com certeza aquela rouquidão seguida de jeito louco e negro não é humano. É uma aberração. Uma marionete extra que grita por atenção, ou um lobo mestre faminto por sangue...





Continua...









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