"Apresse-se ou perderá o trem, aquele que você inventou, e o mesmo que te deixará sozinho para pensar...
imaginar quando voltará novamente."
Hoje é dia 3 de agosto de 1999.
Meu coração pesa, eu a matei. Foi tão fácil quanto torcer a tampinha de uma garrafa. Seu corpo estava suspenso no ar enrolado a cortina. E aquele imbecil que se diz amigo, bem... mas... realmente fazia tempos que não vi os cães tão satisfeitos.
Estou no quintal e há uma chuva terrível. Tento cavar depressa mas, minhas roupas estão tão ensopadas e está dificultando o trabalho dos meus braços, parece que estou levantando dez vezes o peso da pá.
Os rastros já foram encobertos dentro de casa, fiz tudo direitinho com uma luva de couro. fritei um ovo e comi assistindo-a morrer, foi fantástico.
Peguei os garfos e facas e joguei numa brasa que acendi com as roupas que ela usava.
Coloquei minha música favorita do Pink Floyd, On the run, e assisti os pit bulls devorá-lo como se fossem criancinhas esfomeadas. Ele criava os cachorros há 3 anos, eram o brinquedinho particular dele, mas agora entendo a razão disso, eles são magníficos...
Misturei chumbinho a comida dos cães, eles correm em direção a mim, mas logo suas forças são perdidas e eles desvanecem suplicando. Pouco a pouco suas orelhas baixam e seus últimos latidos e rosnados, são pronunciados em um tom de adeus.
Sussurros da morte.
Sussurros da morte.
Já estava de noite, e os desgraçados pediram uma pizza para comer logo depois de fazerem amor. Aquela vagabunda estava com o colar que a dei de casamento, ela não parou para pensar, nem ao menos um momento como eu me sentiria?
Sei que o entregador não tinha nada a ver com isso, mas o filho da mãe não tinha nada que gritar ao vê-la enrolada no lençol.Tive de acerta-lo bem na cabeça, assim que desmaiou, eu cortei sua garganta, seus pés e mãos se bateram, realmente parecia uma galinha decepada se debatendo.
Chamei um coveiro para me ajudar a cavar 3 buracos, e disse que era para transferir as árvores para lá
e que iria precisar de mais pessoas para ajudar, mas isso era só tentativa de convencê-lo a auxiliar-me.
Mas como sempre, ele não era diferente do entregador, na primeira oportunidade que teve de ficar sozinho, empunhou um telefone e pôs-se a ligar e para quem?
Bem depois que o acertei com uma caneta cravada no seu pescoço, não teve como eu lhe perguntar; ele mal conseguia falar com a boca cheia de sangue e seus olhos revirando-se a duas pequenas bolas brancas. E por mais que eu quisesse terminar esse buraco a tempo, eu não poderia deixar nada escapar.
Virei a noite deitado em um buraco que consegui cavar. Estou coberto por lama. Tem até nas minhas botas, elas fazem som de borracha dentro d'água quando piso no chão, e isso é uma dor de cabeça. Para completar recebo a visita de dois policias, pelos quais matei com as próprias armas, com o silenciador que ambos portavam. Os coloquei em um freezer que havia no porão, os dois pareciam dois anjinhos.
Já estava de tarde e tinha acabado de terminar os 3 buracos, e logo enterrei todos, e com uma bíblia em mãos recitei vários salmos, os quais ela gostava muito, ou fingia gostar quando eu a levava para a igreja e segurava sua mão...
e a igreja inteira cantava alegremente junto ao coro.
e a igreja inteira cantava alegremente junto ao coro.
Eles tiveram direito até a lápides improvisadas.
"Ao falecido filho da puta que eu chamava de irmão", " Dedicado fielmente a maldita vagabunda que amei por todos esses anos","Pobre entregador, eu permaneço em luto com a vida injusta que lhe foi dada".
Pelas minhas contas ainda sobravam 3, e outros três que estavam abaixo da terra já preenchiam 2/5 do pequeno quintal. É, realmente parece que acabou, a não ser por crianças idiotas que entregam biscoitos para trabalhos de escola.
Por que motivo fazem isso?
Por que motivo fazem isso?
Duas garotas loiras, assim como o cabelo dela, - pareciam as histórias que ela me contava, sobre ter filhas, e o quanto eu queria que se parecesse com ela, porque eu amava. - Era incrível ver as crianças pelo olho mágico, vê-las conversando antes de eu abrir a porta, os mesmos lábios dela, a mesma felicidade que ela tinha quando a conheci. Os mesmos olhos azuis que faziam uma grande ênfase aos lábios carnudos.
A parte mais fácil foi mata-las, prometendo comprar todos os biscoitos, e colocando rivotril, metade em cada copo com água. Bem, perguntei se queriam um copo com água enquanto eu fingia buscar dinheiro na carteira. Mas como eu poderia ter dinheiro na minha carteira? se o meu patrão na verdade comia minha mulher, enquanto eu tomava seu lugar na empresa, achando que esse puto estava com enxaqueca e febre; começo de dengue.
As pequenas estavam com uniforme escolar, a mesma que os filhos do "irmão do meu coração" estudavam. A mesma que comecei a ter um relacionamento com minha ex esposa cadáver, a professora.
Já se passava outra noite, e estava me sentindo sozinho. Liguei para uma garota me visitar lá, bem até foi legal, mas era uma pena que não tinha dinheiro para paga-la. A parte ruim foi retirar suas vísceras do machado, pois deixei muito tempo ela andar com aquilo na barriga. Parecia uma lagartixa caminhando, ou melhor, se arrastando.
E novamente a contagem volta
a 6 mais uma vez.
E novamente a contagem volta
a 6 mais uma vez.
A rima soa legal, não é?
Outra chuva começa, e o balançador preso a árvore me faz lembrar de como seria ter filhos com ela, como seria explicar para eles que sua mãe é uma prostituta. Que em vez de dinheiro ela gosta de benefícios. Talvez aquela noite que nós jantamos no restaurante, e o chefe do restaurante disse que era por conta da casa, é provável, que ela tenha o chupado ou algo do tipo, enquanto disse que ia ao banheiro retocar a maquiagem e retornou com alguns pelinhos nos cantos da boca. É do frango... Ela disse. E o idiota caiu no conto do vigário.
O outro dia passa desapercebido pela noite, que eu passara assistindo um dvd de nosso casamento.
Ela estava linda de branco, e os sapatos de cristal que lhe dei, quando eu ainda era engenheiro... e meu pai como sempre, veio atrapalhar, bêbado. Tinha acabado de sair do cemitério, precisamente a cova da minha mãe. E foi um passo e tanto para mim ter de mata-lo aqui também, foi um alívio.
Agora eu sento na praça a duas quadras de onde eu estava. Crianças jogam bola sorridentes, uns xingam os outros mas isso é coisa de criança mesmo. Outras brincam no parquinho. Seria errado pensar que eu poderia matar algumas daquelas crianças? Agora não era mais pessoal, tudo virou um jogo de coleção de corpos, de coleção de bonecos de porcelana. (vivos)
Era bom aquela sensação, a cada taçada de vinho. A taça brilhante acompanhada daquela cor vermelha, pelo qual toda vez que eu levava a boca, era por um pescoço que eu degolava. A cada movimento no xadrez que eu jogava com o velhos da esquina, era uma asfixia idosa que cada um levava.
Nossa como aquela sensação era boa. Eu me sentia livre, me sentia como um deus de um novo mundo, um mundo que eu criei.
Eu gostava muito de ler sobre o homem aranha, e uma frase que aprendi foi que "Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades", e tinha o dever de gritar por vingança, e matar todos aqueles que praticavam o mal.
Dia após dia, noite após noite, eu matei cada um daquela cidade, e novamente volto a dizer, mas agora mudando o final da frase "com grande poderes, as vezes, eles voltam contra você ". Quando passou a ser apenas eu naquela cidade, ela pareceu muito sozinha até certo ponto, até as malditas almas que matei gritarem durante a noite, eram centenas, pedindo por ajuda, e ajuda... E... aju-da.
Para cada parte que eu andava, ou cada canto que eu me sentava, agora, realmente parecia ter alguém lá. Até a brisa virava contra mim, como se me dessem broncas sobre tudo que fiz. Mas eu vi. Eu vi aquelas malditas pessoas vestidas de preto na mesma noite, e vi que eles não sorriam mais para mim. Eles agora choram enquanto brincam, como alguém pode expressar um sentimento diferente, quando está brincando e não ri?
Centenas estão no parque, dezenas estão na rua e andam em direção a mim, mas o que realmente querem de mim?
Eles choram com um ar ingênuo, com um ar inocente, alguns no meio da multidão gritam meu nome, e alguns da parte da frente afirmam, mesmo que em silêncio, que já está na hora de me juntar a eles.
Há uma mulher na multidão, a única que está vestida diferente. A única que está sorrindo. Com longos cabelos loiros e lábios carnudos, aqueles que estavam cheios de sangue, e seu rosto inclinado para a direita, fazendo sinal com sua mão que não empunhava uma faca, "venha, venha meu bebê"...
Mas aquela vagabunda não podia estar ali, eu estou ficando completamente louco. As vozes gritando de um lado, outras chorando do outro, o que está acontecendo?
- Ahhhhhhhhhh!!!!!! alguém me ajude!!!!
Mas quem me ajudaria, eu matei todos daquela cidade...
Aquilo se transformou em algo grande, algo sem olhos ou nariz, algo que tinha apenas uma boca, pela qual estava sedenta por sangue. Claro que não qualquer um. Mas o meu.
Algo que.... Já está aqui nesse quarto, e olha para mim e ri, zombando da minha cara, algo que fazia alguns minutos que estava de pé no canto da sala. Como se isso fosse uma maldição que é passada de mão e mão como doença.
Uma coisa que pode já está aí desse lado da tela,
observando quem lê essa carta...
Uma coisa que pode já está aí desse lado da tela,
observando quem lê essa carta...
12 de dezembro de 1999.
"As luzes se apagam.. e o show, termina?
O som de mastigação, iludem quem
ainda pensa que ele
está satisfeito."
"A ficção é uma mentira? Ou ela é a verdade? De qualquer forma, tem um barulho acontecendo ao seu redor agora, não tem? Que mal tem ir verificar?"
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