As cortinas dançavam...
- Não feche seus olhos. Não se atreva a ir antes da hora. Olhe para mim. Responda. O que há naquela memória? o que realmente há de errado ali?
Os dedos jovens de Walter tateavam a bolsa por fim de encontrar uma carta ocultada por uma blusa que empacotava-a. Logo incendiou-a com um isqueiro que dizia em baixo relevo, rotulado por uma agulha de tatuagem, "Queime e viva". Ler aquela carta sempre o fazia entrar sob prantos. Não precisara olhar dentro para saber o conteúdo, pois palavra por palavra estava decorada em sua mente.
2, fev.
Deixo essa carta como meu testamento para você. Viramos verdadeiros amigos. Namoramos. Mas eu te deixei. Não podia deixa-lo sofrer ainda mais por mim. Não era você quem eu amava. Não era você à quem eu devia todo o meu amor, e a razão é...
Eu não o via como algo além de amizade, além de tudo que ficamos eu não consegui gostar o suficiente para desenvolver em minha cabeça um relacionamento, tudo fora superficial. Eu sabia que você iria até o fim do mundo para me ter, e por isso eu tive de partir.
Por mais que tentasse, eu também sabia que você jamais entenderia.
Enquanto estávamos em nossas noites vorazes, eu não deixava você perceber, mas minha mente estara em outro lugar, quilômetros à distância... Não era você quem eu via, era ele...
Se já leu isso, certamente eu já parti. Mas se não. Não me procure.
Por favor não me procure. Viva sua vida. Eu tentarei viver o resto da minha também.
- Sem assinatura - não precisara - era daquele modo que ela escrevia - Ele sabe - Ele sente - e ela vive.