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Não foi bem a chuva que o atormentou naquela madrugada, sacolejando e batendo na janela e fazendo sons de borbulho gutural na pia, onde; quando aconteciam chuvas fortes (como aquela) a água agia em refluxo no encanamento e isso explicava a estranheza.
Não explicava?
Não.
Não explicava?
Não.
Quando George se levantou para ver se tinha algo no banheiro. Ele se deparou com a cena que, se estivesse oito anos mais novo (e isso o deixaria com 4), acabaria com a inocência de qualquer criança.
Seu pai enforcado no suporte superior do box na área de banho - Sua mãe com as pernas abertas em um semi espacate, com a perna esquerda tocando a cabeça, a cabeça revirada para trás, alavancada às costas, e o tórax, rasgado desde a altura do pescoço até próximo a vagina.
Ele acordou.
Uffa!
Seu pai enforcado no suporte superior do box na área de banho - Sua mãe com as pernas abertas em um semi espacate, com a perna esquerda tocando a cabeça, a cabeça revirada para trás, alavancada às costas, e o tórax, rasgado desde a altura do pescoço até próximo a vagina.
Ele acordou.
Uffa!
A chuva ainda batia à janela de tempos em tempos, e aparentemente, por causa do escuro espontâneo no quarto, ainda era noite. O seu peito resfolegava ar como se tivesse dado a volta em seis quarteirões antes de se deitar. Os seus olhos quase saltavam fora da caixa. Mais que merdas eu vi? - Pensou.
Mas que merdas você viu?
A resposta era simples, curta, e sem dramatizações desnecessárias: Jogos mortais. O filme que sua mãe o notificou para não ver. Os pais, na idade que George tinha, sempre sabiam das coisas. E sempre eram chatos pra cacete! Você não pode fazer isso, George. Você não pode fazer aquilo, George. É perigoso George. É ruim George. Você é preguiçoso, George, não presta pra nada.
A voz veio do lado do seu rosto, como se uma boca estivesse colado a ele.
- Tá na hora de crescer... - sussurrou - Pequeno George...
Um palhaço. Não. Não a merda de um engraçado e cheio de graças e burrices propositais que arrastariam gargalhadas aconchegantes. A merda de um palhaço com dentes pontiagudos e com uma língua oleosa oscilando entre cada um. Os olhos eram duas esferas oculares de gato. E a mão, que ele não tinha percebido (por que fitava o teto), tão grande quanto pés de pato de nadadores e tão estranhas quanto. Dedos descomunais. Tudo descomunal, até mesmo o rosto, que era pequeno. O palhaço reverse! Espera aí... Isso não veio dos jogos mortais.
- Não veio não, George-dooguie. - ele disse rimando - Veio da sua mente, seu demente!
E antes que o garoto pudesse responder as garras dentárias do palhaço o atracaram, bem no alto da cabeça. Arrancando na ignorância. Selvageria seja seu nome, e sangue voou no vidro da janela, acima da cabeceira.
A resposta era simples, curta, e sem dramatizações desnecessárias: Jogos mortais. O filme que sua mãe o notificou para não ver. Os pais, na idade que George tinha, sempre sabiam das coisas. E sempre eram chatos pra cacete! Você não pode fazer isso, George. Você não pode fazer aquilo, George. É perigoso George. É ruim George. Você é preguiçoso, George, não presta pra nada.
A voz veio do lado do seu rosto, como se uma boca estivesse colado a ele.
- Tá na hora de crescer... - sussurrou - Pequeno George...
Um palhaço. Não. Não a merda de um engraçado e cheio de graças e burrices propositais que arrastariam gargalhadas aconchegantes. A merda de um palhaço com dentes pontiagudos e com uma língua oleosa oscilando entre cada um. Os olhos eram duas esferas oculares de gato. E a mão, que ele não tinha percebido (por que fitava o teto), tão grande quanto pés de pato de nadadores e tão estranhas quanto. Dedos descomunais. Tudo descomunal, até mesmo o rosto, que era pequeno. O palhaço reverse! Espera aí... Isso não veio dos jogos mortais.
- Não veio não, George-dooguie. - ele disse rimando - Veio da sua mente, seu demente!
E antes que o garoto pudesse responder as garras dentárias do palhaço o atracaram, bem no alto da cabeça. Arrancando na ignorância. Selvageria seja seu nome, e sangue voou no vidro da janela, acima da cabeceira.
E lá estava ele... Acordando mais uma vez.
Ainda era noite, a maldita janela ainda era alvo da chuva, a pia também era malevolamente inquietante e sorrateiramente, ao que parecia estar viva.
Pegou na sua cabeça, não, tateou com devido cuidado para saber se estava mesmo lá. Olhou para os lados e não viu palhaços. Olhou pra baixo da cama, bravamente destemido, e também não havia nada lá.
Uffa!
George foi até o banheiro, acendeu a luz e assistiu durante um tempo a projeção da sua sombra no quarto, uma luz no vácuo que bruxuleava uma massa escura em magnitudes bizarras. Era ele ali de pé, lavando o rosto com os olhos injetados de quem teve uma péssima noite de sono, se olhando no espelho, abaixo da lâmpada de fluorescente. Um garoto gordinho com as bochechas engraçadas. Como morava em um bairro pobre; a chuva também fazia oscilação de energia, então a lâmpada fluorescente de eletrodos começou a ir e vir.
E os arrepios também.
Foi quando, sua sombra, começou a se mover no quarto. Mas George estava parado. Como pode isso acontecer?
- Mas que merd... - antes de poder completar a frase,e... e... e... {...} - a sombra, que vinha, obviamente como qualquer outro ser humano, de baixo dos seus dedos e se projetava até o quarto parcialmente iluminado e parcialmente escuro, o arrastou, imitando os movimentos (pelo menos essa parte era visível) de alguém puxando algo preso embaixo de uma superfície pesada. O levou até o escuro completo, quando a lâmpada parou de oscilar optando por finalmente ir sem voltar, e começou a atacá-lo ali mesmo. Porque todo mundo sabe que uma sombra fica mais forte no mundo delas, ou no ambiente preferido delas, o Plena Tenebris (escuro completo).
{...} O arrastou e o arranhou e o que George conseguia ver era: o absoluto e estranho, nada. Era atacado pelo o invisível e destroçado nas mãos, que sangravam tentando proteger o rosto, ou a barriga gordinha que estava com várias marcas na camisa que atravessava até a pele, por algo existencial e conspícuo.
- Deus. Me ajude... - o apelo saiu tão baixo que ele próprio quase não escutou. E o que se seguiu, a resposta, veio de um coro que não conseguia ver, mas escutar.
- Ele não está aqui agora, George. - disse o coro com centenas, ou, milhares de vozes reunidas.
E um amontoado de escuro se transformou em um ser tocável. Os olhos do garoto perceberam que estava sendo observado por dois buracos que pareciam ser olhos.
Quando tentou fugir para o banheiro. O turbilhão de escuro o puxou como furacão fazem com as casas em tempestades, repetindo o mesmo com ele, puxando-o pedaço por pedaço, unindo o sangue, a gordura, a pele, ao escuro tornado que ficava mais urgente. E por alguma razão desconhecidamente especial; George estava assistindo tudo aquilo como um participante em uma realidade 6d de sentimentos e sensações.
E um amontoado de escuro se transformou em um ser tocável. Os olhos do garoto perceberam que estava sendo observado por dois buracos que pareciam ser olhos.
Quando tentou fugir para o banheiro. O turbilhão de escuro o puxou como furacão fazem com as casas em tempestades, repetindo o mesmo com ele, puxando-o pedaço por pedaço, unindo o sangue, a gordura, a pele, ao escuro tornado que ficava mais urgente. E por alguma razão desconhecidamente especial; George estava assistindo tudo aquilo como um participante em uma realidade 6d de sentimentos e sensações.
Acordou mais uma vez. Bem na hora que 'aquilo' deu a vez ao seu cérebro se juntar e ele não passava de uma escultura de ossos inerte.
Ele acordou drenado. Suas forças se esvaindo. O peito pesava duas toneladas e os braços e pernas mais cinco. Mal conseguia respirar. Se aquilo acontecesse de novo, então, seria o fim. Não aguentaria outro Round com aquela sessão de pesadelos.
Mas o Sol já estava surgindo e como o super homem aquilo o deu forças novamente e ele se levantou.
O tão quentinho e brilhante Sol. Que alívio...
Mas o Sol já estava surgindo e como o super homem aquilo o deu forças novamente e ele se levantou.
O tão quentinho e brilhante Sol. Que alívio...
Seu quarto era no último andar de uma casa de quatro. Ele abriu a janela e sentiu o cheiro de água suja misturada as flores que residiam à frente da sua casa. Era uma distância considerável, mas dava pra sentir sim.
Abriu os braços e prometeu nunca mais se envolver com terror, na vida dele, novamente.
Aquelas promessas mentais (como; vou emagrecer próximo ano. Deixarei de ver vídeos eróticos na internet. Serei um homem melhor. Um pai melhor.) que ele sabia que não conseguiria cumprir.
Terror era uma droga viciante e de graça, qualquer esquina tinha traficantes com suas mercadorias vindas em forma de livros completos, dvds, cds, contos, curtas (para cegos, em forma de audiobook, claro).
Toda esquina. Todo dia... Quão acolhedor era pensar naquilo. Deixando sua mente perversa como Hannibal Lecter. Ou maluca como Jigsaw. Até mesmo inteligente como Kira de um desenho japonês com nome pitoresco.
Como qualquer pré-adolescente, George morreu pelo pensamento; Pois o Sol começou a se tornar negro e as nuvens de um tom rosado mesclado a púrpura doente. E seu sorriso se fechou.
- DE NOVO NÃO! - protestou. Mas em vão. Muitos monstros surgiam no horizonte; daqueles sem cabeça ou que se moviam com cordas, até mesmo sem rostos.Que se arrastavam, ou que grasnavam. Nominais e inomináveis. Uma apoteose animalesca de personagens inventados por uma mente tão doentia quanto o ser que agora observava tudo aquilo, imóvel e com calafrios agudos.
Abriu os braços e prometeu nunca mais se envolver com terror, na vida dele, novamente.
Aquelas promessas mentais (como; vou emagrecer próximo ano. Deixarei de ver vídeos eróticos na internet. Serei um homem melhor. Um pai melhor.) que ele sabia que não conseguiria cumprir.
Terror era uma droga viciante e de graça, qualquer esquina tinha traficantes com suas mercadorias vindas em forma de livros completos, dvds, cds, contos, curtas (para cegos, em forma de audiobook, claro).
Toda esquina. Todo dia... Quão acolhedor era pensar naquilo. Deixando sua mente perversa como Hannibal Lecter. Ou maluca como Jigsaw. Até mesmo inteligente como Kira de um desenho japonês com nome pitoresco.
Como qualquer pré-adolescente, George morreu pelo pensamento; Pois o Sol começou a se tornar negro e as nuvens de um tom rosado mesclado a púrpura doente. E seu sorriso se fechou.
- DE NOVO NÃO! - protestou. Mas em vão. Muitos monstros surgiam no horizonte; daqueles sem cabeça ou que se moviam com cordas, até mesmo sem rostos.Que se arrastavam, ou que grasnavam. Nominais e inomináveis. Uma apoteose animalesca de personagens inventados por uma mente tão doentia quanto o ser que agora observava tudo aquilo, imóvel e com calafrios agudos.
Se aquilo era uma bacia de água repleta de pesadelos e coisas que afrontavam a insanidade da Terra, então George Wilson Sinclair estava afogado nela até a garganta. Conseguia até sentir água (pesadelo) entrando em seus pulmões ou por qualquer abertura e fazendo estrago lá... E ouvindo os pais dizendo, o que era diariamente habitual, Você não presta pra nada, George, é preguiçoso.
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O garoto enlouqueceu. Se jogou do quarto andar e quebrou o pescoço enquanto sua mãe acordava para receber o carteiro à porta.
Tentou gritar - ao ver o sangue espichado nas paredes e à cinco metros na circunferência do que era o seu pequeno garoto, e agora era apenas a carne rosadamente avermelhada e amontada que sobrou jazendo-se em sangue - mas naquela manhã ensolarada linda e repleta de resquícios de nuvens alaranjadas de janeiro...
O garoto enlouqueceu. Se jogou do quarto andar e quebrou o pescoço enquanto sua mãe acordava para receber o carteiro à porta.
Tentou gritar - ao ver o sangue espichado nas paredes e à cinco metros na circunferência do que era o seu pequeno garoto, e agora era apenas a carne rosadamente avermelhada e amontada que sobrou jazendo-se em sangue - mas naquela manhã ensolarada linda e repleta de resquícios de nuvens alaranjadas de janeiro...
Foi tarde demais...
Continuar?
S/N
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