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quarta-feira, 15 de abril de 2015

cruzando o destino

"A imaginação é fantástica que te faz criar,recriar,fazer e desfazer, ultrapassando a barreira do que você quiser e por que motivo? 

O fantástico é a imaginação..."





Uma chuva toma conta do pequeno bairro Kinnypen. Geralmente quando chove os bueiros e ralos se entopem de água. Jayden sempre via do seu 1° andar, a senhora Simmons abrindo a porta de sua casa, e retornando para dentro boiando em cima de uma mini onda, e gritando "maldição,maldição". Com suas pantufas cor de abóbora e uma touca rosa escuro, seguido de um vestido azul de bolinhas pretas. Naquele dia, o nível da água estava acima do normal, chegava a 1 metro ou perto disso. Avisos por todos os jornais para ninguém sair de casa, e Jayden não tinha nada melhor para fazer. a não ser observar a chuva. Abaixo dele morava uma família de portos-riquenhos, que sempre gritavam mais do que falavam...

Jayden deitava em um sofá velho,rasgado e empoeirado, muitas vezes com teias de aranha. Observando o relógio que no meio havia um desenho de uma maçã, e ouvia os sons dos ponteiros fazendo tic-tac. Respirava fundo para não fazer nenhuma besteira com o relógio ou com os portos-riquenhos que falavam "no entienden lo que está sucediendo, aumenta el volumen es demasiado bajo,
han llamado pizza? un día de lluvia, estás loco?". Ele coçava sua cabeça em um ritmo frenético, gritando insanamente com um travesseiro na boca.
A sua casa era espaçosa, havia um corredor que levava até um quarto velho, que havia correntes na porta e um aviso "Não entre, riscos não estão por nossas contas, Companhia Timewing agradece sua colaboração". Ele havia se mudado para lá há poucos meses, e sempre que chegava do trabalho, nunca tinha tempo para olhar o que havia ali, e essa seria uma boa oportunidade.

O tempo se arrastava e nenhuma das ferramentas que ele usava tinha sucesso em partir as correntes. Sentado em frente a porta, no chão, de pernas cruzadas. Pensando o que mais ele usaria, olhava para a porta, mas havia algo que ele tinha deixado passar. Letras cobertas por um empoeirado cinzento, ele esfrega a mão lentamente até tirar todo o excesso que impossibilitava a leitura, havia uma frase, "Se quiser realmente entrar basta fechar os olhos e imaginar". Lógico que ele riu, pois, sabia que se nem um cerrote, machado,maçarico abriu aquilo, por que razão fechar os olhos daria certo?
Jayden guardou todas as ferramentas e voltou para o velho sofá e ligou a televisão, e no meio tempo que tinha fechou os olhos e imaginou-se ali dentro, sentado no mesmo sofá, que agora descansara, estava tudo escuro, exceto uma luz vinda de cima que ecoava no vácuo, e apenas o iluminava,tornando impossível ver qualquer outra coisa. Abriu os olhos, sorriu pelo canto da boca de uma forma sem graça. Avançava os canais da tv, um a um. Canal 1-fora de área,Canal 2- fora de área, Canal 3-fora de área, o estalo do duro botão do antigo controle remoto seguiu até o canal 21. O único que mostrava apenas uma tela preta e o seu número no lado inferior esquerdo.Uma transmissão contínua de uma tela escura, mostrando um pontinho branco no centro quase impossível de ver, abrindo-se pouco a pouco, até o grande telão tomar-se de branco por completo, e uma voz grave e computadorizada, falando em um tom muito alto, ''Por quê não vai lá agora? a porta te espera", Jayden inclina a cabeça para a esquerda, enquanto sangue e mais sangue escorre pelas bordas da tv, até se imaginar dentro de um mar vermelho, e todas as pessoas ao seu redor, a senhora Simmons, toda a família de portos riquenhos, todos se contorcendo e quebrando seus ossos dentro do sangue.

Jayden acorda com uma transmissão de um programa no canal 21, "E agora, nosso famoso sorteio de prêmios, ligue e concorra a um milhão, é só ligar para...", ele havia dormido observando o relógio, e de alguma forma a televisão ligou-se por si só. E agora no andar debaixo, os portos-riquenhos cantam alguma música no microfone do karaokê, cantando todos em "harmonia", mas claro o que lhe dava dor de cabeça, não era a total falta harmônica, mas sim, os tons diferentes que cada um deles alcançavam, que o fazia ficar com extremo ódio. Ele caminhava em direção ao corredor com um ar de muito sono, coçando os olhos, e antes de chegar no quarto, um som familiar, uma porta abrindo e ficando entreaberta...Sim era ela, mas não havia correntes, não havia nada, exceto, por um no meio da porta "eu avisei". Jayden anda em sua direção, antes de entrar não dá para ver nada, quase nada no seu interior, está tudo ofuscado por uma luz branca incandescente, ele protege seus olhos e entra...

Pouco a pouco a luz vai ficando com menos intensidade, e já é possível ver o que há dentro da sala.
Cores vermelhas pitorescas no chão, imagens retratando memórias,algumas fotografias de toda sua vida. É apenas um corredor com um horrível cheiro de sangue e fotografias coladas por toda a parede, em posições totalmente irregulares. Estava claro, mas não havia luzes. Uma instrução mostrada ao lado da primeira imagem(sua visão de um homem de jaleco branco com blusa verde,e uma máscara branca que não cobria os olhos, puxando sua cabeça) em uma parede moldurada de um amarelo adoecido,que dizia "Não era para estar aqui, mas já que está, toque em uma das imagens, e adeus". Jayden analisa algumas imagens, desde os primeiros passos na areia acompanhados da mãe, dos quais, claro, ele não conseguia se lembrar. O primeiro beijo com uma garota atrás do bebedor da escola, até uma do acidente que o fez perder sua primeira e ex-mulher. Mas havia uma que ele achava que podia mudar, aquela cena do acampamento de verão, que seus amigos estupraram uma garota bêbada no banheiro dos garotos, e que ele ficou assistindo tudo, e não fez nada. Sabia ele que se a tivesse chamado para sair da festa alguns minutos mais cedo, ela nunca participaria do "vira-vira" que a desafiaram fazer com várias bebidas misturadas. Talvez aquilo nunca estivesse acontecido, era um fato pelo qual ele sempre se arrependeu. Havia outra que há tempos ele sentia saudades, e sentia um profundo pesar no coração, palavras que ele queria ouvir novamente, sua mãe no final de sua vida, no leito do hospital, sussurrando, quase lhe faltando a voz "adeus meu filho", fechando os olhos singelamente e morrendo. Rodeada de aparelhos que logo iam perdendo o ritmo de bips, e se transformando em uma linha rude e barulhenta, como o som daquelas campainhas de velhas casas. Palavras doces, que sabia ele, que jamais as ouviria novamente. 
O que fazer? ouvir a mãe falando suas últimas palavras de novo, ou interromper aquela cena, pela qual o fez entrar em tratamento psicológico durante anos. Jayden lembra que quando era pequeno sua mãe lhe disse, enquanto tirava um cigarro branco de uma caixa azul de pall mall,"filho, você é um bom garoto e se tornará um grande homem, quando mamãe chegar a faltar por aqui, saiba, tome decisões certas, jamais faça algo ruim, jamais seja alguém ruim, mamãe confia no meu pequeno Cowboy". Por tão doloroso que seja sua falta, ela estava certa, o acampamento de verão da escola ocorreu depois de sua morte, quando ele estava sob os cuidados da tia, e aquilo mudou sua vida drasticamente para algo ruim, e da jovem Ellise também, que com o passar do tempo se tornou uma drogada, ela era uma das mais inteligentes da 9° série. E de repente tudo despencou como a casa que ele construiu de brinquedos de tijolinhos de montar, quando a conheceu na 2° série.
Era essa a decisão, pular do barco e agradecer sua mãe pelo bom homem que ela o tornou, seguir com sua vida mudando todo seu passado.
Jayden toca na imagem, ela se move como uma geleia, uma luz emana da imagem, e ela passa a tomar vida, repentinamente ele é sugado para dentro da imagem.

Há muitas pessoas dançando. um globo prateado com várias luzes rodeando toda a festa, luzes de todas as cores piscando ao fundo. Uma garota no meio de todas, dança como se não houvesse o amanhã, a cada vez que a luz se apagava , ela reentrava em um movimento diferente do anterior. Longos cabelos ruivos, e um vestido preto com um cinto de caveira, um colar fino de prata com uma cruz que dividia seus seios.Com certeza era ela. A mais linda da festa. Ela o avista, dança lentamente no ritmo da nova música que passa a ser tocada com o globo girando devagar também, faz um sinal o chamando e ele não pode recusar. Era uma esperança acontecendo, um fato que antes ele não havia vivido, tinha estado lá, mas não daquela maneira. Ela entrelaça seus braços pelos seus ombros, a iluminação cresce suavemente e permanece assim. Ellise o encara com seus lindos olhos verdes, morde seus lábios no batom de cor viva. Os dois dançam durante alguns minutos, se olhando...
Ela pisca, para ele, uma forma de dizer "olá" com seus rostos bem próximos. Seu rosto e coração estavam repletos de emoção por viver aquilo, mesmo mostrando-se duro e vazio. A luz vai abrindo levemente o seu brilho até clarear todo o salão. Há um grupos de jovens, e um deles segurando na mão direita uma espécie de funil improvisado de fita gomada com uma vasilha fina de plástico acoplada a uma mangueira. Alguns seguram garrafas das mais variadas bebidas. Havia uma garota que usava um crucifixo de madeira com finos cordões de pano entrelaçados. Sarah era bastante religiosa e não iria ao baile se não fosse por pressões colocadas por sua mãe. Porém naquele momento, ela não aparentou que não queria estar lá, e foi uma das primeiras a "curtir" com os garotos no meio da roda. Ellise dá passos curtos para perto dos garotos, Jayden se estica um pouco e aperta sua mão, e com a outra faz um sinal com o polegar levantado apontando para a porta. Os dois saem de mãos dadas, e o último feixe de luz da festa que seria o fim, se fecha, indicando um novo começo. Talvez.,,


Há uma praça a alguns quilômetros do ginásio, onde um recém jovem casal esbanja beijos e sorrisos, em frente a uma visão de uma estátua de uma criança com asas de anjo nas pontas dos dedos apontando para o céu. Uma placa de metal envelhecido dizia "Próximo do céu, meus dedos tocam a terra da paz eterna e florescem um caminho de luz na minha alma", havia outro atrás dizendo " O bom Deus nos guarda o melhor, e o melhor vem por último, após a morte existe vida eterna, vida na alma que retorna ao bom Deus".
Jayden sente vontade de ir ao banheiro que era bem perto de onde estavam, a pede para esperar alguns minutos e vai. Quando retorna havia um papel manchado de vermelho dizendo "Bem as memórias vêm e vão e você não devia estar aqui, consequências sérias acontecem a quem não escuta, para cada evento bom haverá o lado ruim, e o seu começa agora", na borda dourada nas costas do papel estava assinado "Brian O'Robson(o maqueiro)".

#Continua...











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